Abril...Prisões Mil! - A "liberdade" Que Encheu as Prisões
Talvez se possa agora, mais de trinta anos passados, revisitar com alguma distância o passado recente das 'Prisões políticas depois do 25 de Abril', como se pode ler ao visitar o site recentemente criado precisamente por «um grupo de ex-presos políticos depois do «25/04». «Abril...Prisões Mil!» é um desafio em nome da verdade histórica, um teste à liberdade de expressão e à liberdade política nos dias de hoje. Arriscamos considerar que uma entrevista com alguns desses presos políticos ‘depois de Abril’ teria o maior interesse. Não só como testemunho vivo da história recente de Portugal mas também como uma oportunidade para a Comunicação Social «renovar as caras». E, «last but not least», para nos oferecer também uma Informação muito mais actual do que a «do costume». «Quando a "liberdade" Encheu as Prisões» As celebrações do 25 Abril são oportunidade para múltiplas entrevistas e declarações a propósito. Mas há anos que os protagonistas são praticamente “os mesmos”, numa cerimónia convencional em que a vulgaridade e o 'politicamente correcto’ se desdobram placidamente numa rotina previsível, das declarações solenes de Vasco Lourenço às acrisoladas manifestações de uma fé laica, revolucionária e socialista por parte de consagrados 'antifascistas' históricos e outros ‘notáveis’ indiscutíveis. É história feita, já sabida de cor, mas tão incansavelmente repetida que mais arrisca parecer ser uma tentativa de justificar o passado de forma a nunca ser questionável pelas interrogações do presente... Porém, há uma outra história, não menos verdadeira, que nunca é contada – se bem que tenha sido registada, embora parcialmente, num Relatório tão espantoso como sinistro. É a crónica das prisões políticas depois do 25 de Abril – estranha e insólita. E se há momentos ideais para ser ‘politicamente incorrecto’ este bem pode ser um deles. Sejamos claros: que um regime autoritário e repressivo tivesse presos políticos não é de estranhar, dada a sua natureza, a legalidade então vigente e o tipo de acção dos seus inimigos. Mas que a ‘jovem democracia’ de Abril também se tivesse revelado um poder repressor ao serviço de uma espécie de «pensamento único», apenas meses depois do 25 de Abril, pode ser uma alegação incómoda mas é a pura verdade. Uma vez desvendada essa página negra saltam à evidência as contradições e os abusos de um «poder revolucionário» nada inocente que perseguiu portugueses livres e dignos com métodos tão condenáveis como os do passado, aproveitando denúncias sectárias e «inventonas» ardilosamente criadas para justificar as prisões em massa de opositores políticos ao «PREC» na sua grande maioria, e até alguns da esquerda ‘maoísta’. E todos foram presos sem qualquer ‘garantia’, sem outra ‘culpa formada’ que não a simples «Suspeita de Associação de Malfeitores» que valia para tudo, sem direito a defesa e julgamento. Se esses presos não foram vítimas de arbitrariedade, então o que é a arbitrariedade? E torturas, também as houve? Claro que sim. Não é por acaso que o ‘Relatório da Comissão de Averiguação de Violências sobre Presos sujeitos às Autoridades Militares’ é também conhecido como «Relatório das Sevícias»!... Vítor Luís (texto retirado do Jantar das Quartas) Etiquetas: 25 de Abril, Portugal, Presos Políticos, Regime, Tortura |
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