Criminalidade: «Só falta dar prémios a quem rouba»
Hernâni Carvalho volta a avisar que as estatísticas da criminalidade em Portugal são manipuladas para não reflectirem a realidade. O meu comentário à frase que ele aqui destaca é que neste país não faltam criminosos a serem premiados, em muitos casos pela classe política (é um excerto da sua crónica de 27 de Abril, que pode ser vista na íntegra aqui). Noutra nota, a entrevista que ele faz a um suposto burlão a partir do minuto 7 é hilariante.
Foi a 24 de Abril, no Jornal Nacional da TVI: «A experiência dos últimos 20 anos mostra-nos que o grande objectivo dos partidos é terem acesso aos nossos dinheiros públicos, para arranjarem empregos a amigos, negociantes, empresários, e a outros que normalmente andam ligados ao dinheiro do orçamento.» Henrique Medina Carreira faz esta pergunta a todos os portugueses: «Encontra algum vislumbre de solução com esta gente que quer ganhar eleições para arranjar emprego?». Há quem diga que somos agora um país "livre", mas apenas este homem está autorizado a falar verdade na televisão. Os vídeos com as suas intervenções tornam-se virais assim que são colocados na internet, tanto que acabaram de me indicar um blogue dedicado a eles: http://Medina-Carreira.blogspot.com Este integra uma grande actualização de blogues nacionais na coluna da direita do Mote para Motim. Milhares de portugueses desabafam e noticiam diariamente em blogues aquilo que os políticos e a maior parte da comunicação social ignoram.
35 anos depois das corporações políticas tomarem o poder em Portugal, mais de dois milhões de portugueses sobrevivem na pobreza. E esse é um número de 2005. A economia em profunda recessão há vários anos, os 755 novos desempregados por dia e as instituições de solidariedade social a terem um aumento de pedidos de ajuda superior a 300% confirmam que a realidade de 2009 é muito mais grave, e muito mais incómoda. Portugal é agora o país europeu com o maior fosso entre ricos e pobres, tendo sido tomado por uma praga de novos ricos – corruptos, traficantes e especuladores – que não criam riqueza para o país. A classe média está a tornar-se oficialmente extinta, sendo apenas algo do passado distante. Este é um rápido apanhado de reportagens sobre a fome em Portugal, todas elas emitidas na TVI em Abril de 2009.
Criminalidade: «Quando é que param de nos mentir?»
O jornalista de investigação Hernâni Carvalho é das poucas figuras que tem referido a censura e o encapotamento que actualmente existe em relação aos números e aos casos de criminalidade violenta em Portugal. Tem-lo feito na sua crónica Crime Diz Ele, uma rubrica do programa da manhã da TVI. Este é um excerto da última, na qual também comentou os desenvolvimentos do caso Maddie. Nesta edição apresentou o caso de uma mulher que há vários meses é perseguida e atacada por um homem, sem que a PSP/GNR/PJ ou tribunais façam o que quer que seja (a crónica completa pode ser vista aqui).
Um feito que deve ser inédito em Portugal: um jornalista - e director de uma TV - descompõe em directo um primeiro-ministro, e não só o faz com toda a pinta como o faz com toda a razão. Tiro o chapéu a José Eduardo Moniz.
O famoso excerto do DVD Freeport, em que Charles Smith chama corrupto a José Sócrates, emitido novamente pela TVI - desta vez com o som e imagem originais. Smith também afirma (no minuto 4 do vídeo): «Foi acordada uma "contribuição" para o Partido [Socialista], ou como lhe queira chamar. Acho que tenho os valores aqui.» Mas a TVI faz um corte nesse momento. Recordo que, segundo a TVI, «o vídeo tem cerca de 20 minutos», mas apenas foram mostrados 11 min.
Mário Crespo fez o trabalho que todos os jornalistas supostamente deveriam fazer, numa sucessão de perguntas que circulam agora pela internet. Eu por agora só tenho uma pergunta a fazer: Porque é que Mário Crespo não faz estas perguntas na televisão?
ACTUALIZAÇÃO de 3 de Abril: Fiz chegar a minha pergunta ao próprio Mário Crespo, que prontamente respondeu:
«Prezado Senhor, Só se não tem seguido os meus telejornais é que não tem reparado que já enunciei todas essas questões. Obrigado pela atenção e cumprimentos muito cordiais Mário Crespo»