A Derrota dos Partidos
«O Ventre Legislativo» de Honoré Daumier A única virtude do recente resultado eleitoral em Lisboa consistiu na estrondosa derrota dos partidos. Também não há vitória de independentes pois que, verdadeiramente, não o eram. Se tivermos em conta o universo dos eleitores para a Câmara de Lisboa (e note-se que para 1 milhão de habitantes há pouco mais do que 500 mil eleitores), o PS obteve apenas a escolha de 11,04%, o PSD 5,89% e o PCP 3,56%. Usando do sofisma habitual que consiste em ignorar os que viram as costas às patéticas dramatizações partidárias, o PS, que nunca teve vergonha, canta vitória com uns míseros 57.907 votos. Os partidos fabricam políticos profissionais que, invariavelmente, são indivíduos medíocres, sem qualquer pensamento sobre Portugal, corruptos, subordinados a interesses particulares. Os partidos, amarrados aos interesses imediatos do clientelismo, são incapazes de pensamento estratégico. Submetidos à lógica dos ciclos eleitorais, por muito competentes que os seus dirigentes pudessem ser, nunca conseguiriam levar a cabo transformações de fundo na sociedade portuguesa, pois de cada vez que o país muda de governantes a primeira coisa que fazem é acabar com a obra dos anteriores, quer seja boa ou má. Os partidos, medíocres que são, estão submetidos a poderes estrangeiros, como sejam os da União Europeia. São os bons alunos da Europa do capital, do trabalho precário, das deslocalizações. E a torneira dos Euros irá fechar-se em breve. Os partidos foram sempre a desgraça de Portugal, com a ressalva de que os partidos da I República eram patrióticos, pelo menos nas intenções. Os partidos vendem-nos a mentira de que representam os eleitores, mas quem escolhe os nomes que são colocados nos lugares considerados elegíveis nas listas eleitorais? Quem? Podemos nós escolher pessoas que conhecemos e em quem temos confiança para nos representar? Claro que não! Ora a verdadeira sede do poder reside no núcleo duro dos partidos, pois é esse núcleo duro que procede a essa escolha. Esse núcleo pode não ser constante e reflectir os fluxos e refluxos dos interesses instalados no interior do partido. Esse núcleo representa um poder oculto. Na verdade vivemos sob uma OLIGARQUIA constituída por esses poderes ocultos que dividem entre si o poder real e detêm na sua mão as regras do jogo. Essa oligarquia pensa poder perpetuar-se e só pode ser afastada se for expulsa. Etiquetas: 25 de Abril, Eleições, Portugal, Regime |
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