04 janeiro, 2007

Pela boca morre Saddam

Nas últimas horas de 2006 a comunicação social presenteou-nos com mais um ritual de sacrifício humano: o alegado enforcamento de Saddam Hussein, no cumprir de uma sentença anunciada ao mundo em Novembro – dois dias antes das eleições para a Câmara dos Representantes nos EUA. Eu podia dizer que Saddam é culpado de se ter deixado cair nas malhas dos políticos ocidentais. Mas para dizer isso eu teria de saber se aquele tipo é mesmo o Saddam. A controvérsia sobre a verdadeira identidade daquele sujeito começou pouco depois da sua alegada captura a 13 de Dezembro de 2003. No entanto – e como sempre nestas questões – o debate sempre se restringiu à Internet.
Há um pormenor que está à vista de todos. Comparando os vídeos e imagens dos tempos em que Saddam era o líder do Iraque com as captadas após a sua prisão, é possível constatar que ou o antigo presidente substituiu os dentes da mandíbula, ou estamos perante duas pessoas diferentes. Pode perguntar ao seu dentista se é possível a estrutura dos seus dentes alterar-se desta forma apenas por estar uns meses na clandestinidade. Mas adianto-lhe já que a resposta de qualquer profissional de odontologia será não.E depois há episódios como o protagonizado por Sajida Heiralla Tuffah, a mulher de Saddam. Quando ela conseguiu visitar o seu alegado esposo na prisão, em Junho de 2004 no Qatar, saiu poucos minutos depois gritando: «Este não é o meu marido, é o seu duplo! Onde está o meu marido? Levem-me a ele!».
O sacrifício humano e o tribunal fantoche cumpriram assim a sua missão de simular justiça e inflamar a guerra civil que serve de pretexto para a fixação das bases militares norte-americanas e para a futura “regionalização” do Iraque.
O Frederico Duarte Carvalho e o Flávio Gonçalves também não deixaram passar isto em branco.

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