«O estado de Israel não está 'apenas' a transgredir as leis judaicas ao atacar os seus vizinhos – esse estado pura e simplesmente não devia existir». O autor desta afirmação não é o líder do Hezbollah, nem o presidente do Irão, nem o líder de um grupo neo-nazi: é o rabino judeu Yisroel Weiss, membro do movimento Jews United Against Zionism (Judeus Contra o Sionismo). Em apenas 4 minutos, Weiss desmonta um dos principais pilares da propaganda que nos é bombardeada sempre que vemos uma notícia sobre o Médio Oriente, numa entrevista dada ao canal de televisão norte-americano FOX News no final do mês passado. A entrevista foi conduzida por Neil Cavuto, a tradução é minha:
«Neil Cavuto:Rabino, essas são declarações muito fortes…
Rabino Weiss: Essa é a noção que foi transmitida durante os últimos 100 anos, quando o movimento sionista foi criado. O Sionismo transforma o Judaísmo como espiritualidade, uma religião, em materialismo, com um objectivo nacionalista de obter um pedaço de terra. Todas as autoridades rabínicas afirmaram que isso é a antítese do Judaísmo – expressamente proibido pela Torá porque nós vivemos em exílio por Deus.
Cavuto:Então, os judeus não deviam ter um estado? Não deviam ter um país? Não deviam ter um governo?
Weiss: Nós não devíamos ter um estado. Devíamos viver em todas as nações como cidadãos cumpridores, à semelhança do que fizemos durante dois mil anos, servindo Deus, emulando Deus com compaixão… Ao contrário do que as pessoas acreditam, de que isto é um conflito religioso, nós temos vivido durante centenas de anos no meio de comunidades muçulmanas e árabes sem quaisquer equipas da ONU a inspeccionar violações dos direitos humanos…
Cavuto:Rabino, deixe-me perguntar-lhe isto: a vida para os judeus era melhor antes da criação do estado judeu de Israel?
Weiss: 100% verdade. Nós temos o testemunho da comunidade judia, vivendo em harmonia na Palestina e em outras terras que, juntamente com o grão-rabino de Jerusalém, declararam às Nações Unidas que não desejavam um estado judeu, nós temos esses documentos. Os habitantes muçulmanos, cristãos e judeus foram ignorados na criação do estado de Israel…
Cavuto:Vocês podem não ter tido um país, mas têm sido molestados ou massacrados com o passar dos milénios, particularmente há cinquenta e sessenta anos atrás.
Weiss: Uma coisa é ser-se morto devido ao anti-semitismo, outra é hostilizar e criar o anti-semitismo através do Sionismo… ou, por outras palavras, bater na porta dos vizinhos e gritar anti-semitismo.
Cavuto:Eu sei que você é um judeu ortodoxo, mas o que é que os judeus tradicionais pensam dessa posição?
Weiss: A opinião generalizada dos judeus é que, na verdade, nós não deveríamos ter um estado. Mas, uma vez ele criado, muitos judeus acreditaram na propaganda sionista de que de que existe um ódio enraizado contra eles, e de que os árabes nos querem atirar todos ao oceano. É por isso que os judeus têm tanto receio em devolver a terra…
Cavuto:É algo compreensível, não é? Vocês têm o presidente do Irão a dizer que o Holocausto nunca aconteceu, e que se ele pudesse destruiria Israel e todos os judeus.
Weiss: Isso é redondamente falso. Ele tem uma comunidade judia no Irão e nunca os matou quando teve a oportunidade para tal…
Cavuto:Então, não acredita na sua afirmação de que ele irá tentar matar judeus?
Weiss: Ele pretenderia o desmantelamento do estado político de Israel. Na verdade, nós e um grande grupo de rabinos visitámos o Irão no ano passado, onde fomos recebidos pelos líderes religiosos e pelo vice-presidente – na altura Ahmedinejad [o presidente do Irão] estava na Venezuela –, e todos eles afirmaram inequivocamente que não têm nenhum conflito com os judeus.
Cavuto:Então acha que enquanto Israel existir, nunca haverá paz?
Weiss: Os judeus estão a sofrer, os palestinianos e os libaneses estão a sofrer… nós rezamos pelo desmantelamento rápido e pacífico do estado de Israel.
Cavuto:Rabino, é interessante que não costumamos ouvir esse ponto de vista...»
É verdade que esse ponto de vista não é dado a conhecer. Em Portugal, por exemplo, os jornalistas não se atrevem a tocar no movimento sionista. No entanto, é muito frequente verem-se comentadores políticos a afirmar que todos os que criticam Israel e o Sionismo são anti-semitas e neo-nazis (aos olhos deles, o rabino Yisroel Weiss seria um perigoso cabeça rapada). Outros "opinadores" defendem com unhas e dentes que o Sionismo não tem nenhuma influência na Guerra contra o Terrorismo norte-americana (que esmagou o Afeganistão e o Iraque), no presente ataque ao Líbano e no futuro ataque ao Irão – isso é o mesmo que afirmar que o nacional-socialismo não teve nenhuma influência na Segunda Guerra Mundial.
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